Gerenciando meus pacotes

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20/05/2021

Como eu mencionei anteriormente no artigo "Mudando para o Wayland", eu recentemente mudei de computador. Mudanças podem ser bem trabalhosas se você usa um sistema muito customizado e não tem todas as configurações facilmente disponíveis para fazer a mudança. Já que eu faço backup dos meus arquivos, que inclui uma pasta dotfiles com todos (ou quase todos) os arquivos de configuração para os programas que eu uso, eu pensei que seria bem simples.

Mas durante a mudança, eu percebi que eu não tinha um jeito fácil de ver e instalar todos os programas que eu uso. Nesse momento eu comecei a pensar em usar uma distro como o NixOS que usa um gerenciador de pacotes declarativo justamente para tornar fácil reproduzir um sistema. Mas eu gosto bastante do Arch Linux, e sinceramente não existe nenhuma razão para eu não poder ter essa funcionalidade nele.

Gerenciamento de pacotes declarativo

O objetivo então era ter um gerenciamento de pacotes declarativo para tornar mudanças futuras mais fáceis. Inclusive, como nesse método os pacotes são listados em um arquivo, com o versionamento dele nos meus backups eu também ganho de brinde a possibilidade de voltar para um versão anterior (se eu quiser reverter algum erro na lista de pacotes, por exemplo).

Mas ter uma simples lista dos pacotes instalados não é a melhor coisa sobre o gerenciamento de pacotes declarativo. O maior benefício é que você pode organizar essa lista de uma forma que faça sentido para você, reordenando e agrupando os pacotes conforme necessário. E você pode deixar comentários pelo arquivo inteiro, que é útil principalmente para registrar a razão de ter instalado cada pacote, assim você pode usar essas informações para remover os pacotes que não são mais necessários.

Uma busca rápida na internet por gerenciadores de pacotes declarativos para o Arch Linux revelaram o aconfmgr e o decpac. O primeiro é mais completo, contendo também gerenciamento de configurações integrado, mas isso já é demais para mim, e ele é em bash, então ponto negativo. O segundo é bem simples, você basicamente tem apenas um arquivo com os comandos para instalar os pacotes e os pacotes em si em uma sintaxe parecida com JSON. E é em python.

O decpac também permite instalar do AUR através do uso da ferramenta yay. Os pacotes do AUR são identificados por uma marcação simples antes do nome do pacote.

O decpac é quase perfeito, mas eu não gostei que ele usa o mesmo arquivo tanto para a configuração dos comandos quanto para a lista de pacotes, porque isso faz com que a sintaxe precise ser mais complexa, e ela é similar a JSON mas não exatamente.

E foi por isso que eu decidi criar o meu próprio, que eu chamei, bem criativamente, de pcmn.

pcmn

O pcmn é bem simples, com menos de 200 linhas de código em python. Ele é bastante inspirado no decpac com a principal diferença sendo a sintaxe mais simples. E é bem simples mesmo:

  • um pacote por linha (mas linhas sem nenhum pacote são permitidas também, claro)
  • tudo depois de um # é um comentário
  • opcionalmente o grupo do pacote pode ser escrito entre colchetes antes do nome do pacote. Quando nenhum grupo é especificado, o padrão é assumido, que instala do repositório oficial. O único outro grupo é aur, que informa que o pacote deve ser instalado do AUR usando o yay.

Só existem dois comandos:

  • generate cria uma nova lista de pacotes com base nos pacotes atualmente explicitamente instalados (ou seja, as dependências não vão aparecer na lista, mas não é problema porque o pacman vai resolvê-las).
  • apply aplica a lista de pacotes, ou seja, pacotes não listados são desinstalados e pacotes na lista que não estiverem presentes são instalados.

Um arquivo de configuração separado em JSON pode ser usado para mudar os comandos usados para listar, instalar e remover os pacotes, tanto para o grupo padrão quanto para o aur.

Eu estou usando ele faz alguns meses já e estou bem satisfeito. Como eu mencionei, a principal diferença do decpac é que eu separei a configuração e a lista de pacotes e eu acho que isso fez toda a diferença. A lista de pacotes é bem limpa e fácil de adicionar itens. Esse é um pedaço da minha:

#
# Utilities
#

# Backups
borg
borgmatic
python-llfuse # Needed to mount an archive

# Notifications
libnotify
mako

# Keyboard (Custom)
interception-caps2esc # Switch Caps with ESC
[aur] interception-space2meta # Use Space as Meta

Toda vez que eu percebo que preciso de algum pacote a mais para alguma coisa eu adiciono na lista, coloco um comentário sobre o motivo, e rodo pcmn apply para ele ser instalado. Quando vou instalar um pacote temporariamente só para fazer algo bem rápido ou algum teste, eu instalo manualmente com o pacman mesmo, assim da próxima vez que fizer um apply ele já é desinstalado.

Se você achou o pcmn interessante, dê uma olhada no repositório dele para um pouco mais de informação. Ele também é facilmente instalável do AUR, o que significa que depois de você fazer gerar a lista de pacotes com generate, [aur] pcmn-git vai aparecer na lista de pacotes que ele mesmo gerencia. Eu acho isso engraçado por algum motivo 😝.

E é por isso que eu gosto tanto de python. Com menos de 200 linhas de código eu escrevi um programa que resolve um problema real que eu estava tendo. E também foi divertido de escrever!